Capítulo 9, página 27 — Sob o Sol e o Espírito de Lee
- Bodokan

- 28 de out.
- 3 min de leitura

Era 27 de setembro de 2025, e o estacionamento do Shopping Guararapes, em Jaboatão, virou tatame. O vento litorâneo do Recife misturava-se ao cheiro de kimono e expectativa: era o Campeonato Pernambucano das Ligas de Judô em sua XXI edição, realizado em homenagem a um dos pioneiros do judô no estado; o lendário Shihan Byung Kuk Lee.
E lá estávamos nós da Bodokan, mais uma vez representando o sertão do Araripe com peito aberto, armadura vestida e a alma cheia de vontade.
Nossos guerreiros nessa missão: O Senpai Gabriel Rufino (o Biel), Pedro Rycharllyson, Lorenzzo Kauã (nosso querido "L’oréal"), e a incomparável Sensei Aryanny, a nossa Sensei Maravilha.
O evento para nós começou com o nosso L’oréal dos tatames, o Lorenzo Kauã, fazendo sua estreia em grande estilo e com direito a dobradinha!
Na categoria Sub-15, -50kg, enfrentou um faixa marrom cascudo logo de cara. Perdeu, mas foi buscar o bronze na repescagem com garra e cara de quem diz “me subestimou, né?”.
Já no Sub-18, -50kg, mostrou maturidade além da idade: venceu a primeira, perdeu apenas para outro marrom e voltou pra casa com a prata brilhando. Duas medalhas, duas histórias e um novo apelido no dojô: “Lorezentti, porque deu um banho em muita gente... só faltou os faixas marrons.”
Veio então o nosso Pedro Rycharllyson, o homem Sem... (sem os dois joelhos e sem pé), mas foi chegar lá para ele decidir que dor era detalhe. Entrou no tatame como quem diz: “me segura se puder”. E ninguém conseguiu!Na categoria Sub-21, -60kg, foi campeão com autoridade, dominando as lutas e mostrando que, mesmo mancando, judoca de verdade pode cair, mas ele naquele dia, estava lá para jogar.
Um tempinho depois, foi a vez dele, O cara, O guerreiro, O Senpai Gabriel... E Biel trouxe a calma de quem conhece o peso do tatame. três anos afastado, mas o mesmo olhar firme. E que é judoca sabe, voltar depois de tanto tempo não é fácil, exige coragem, disciplina e coração. E tudo isso ele mostrou que possui, lutou bem, com técnica e honra, e saiu com o bronze, mas, acima de tudo, com o respeito renovado de toda a equipe. Porque quando Biel amarra a faixa, o dojô silencia.
E pra fechar com chave de ouro (ou bronze... mas quase de prata), veio ela, nossa Sensei Aryanny, a Sensei Ary, a própria Sensei Maravilha e o destemido Homem Sem, (que agora veio para mostrar que também domina a arte de cair), agora como dupla na modalidade Kata. Foi a primeira vez da Bodokan competindo nesse formato, e o desempenho foi digno de aplauso de cinema: sincronia, precisão de relógio e emoção de quem ama o que faz.O resultado oficial foi 3º lugar, mas quem assistiu jurava que era prata. Com Ary como Tori e Pedro como Uke, provaram que o judô não é só combate: é arte, é harmonia e é alma.
O evento terminou ao nascer da noite, com medalhas pendendo, sorrisos largos e o nome da Bodokan ecoando no pódio entre os carros e os quimonos.
No estacionamento do Guararapes, entre o barulho dos motores e o som do “Hajime!”, a gente escreveu mais um pedaço da nossa história.
Porque a Saga Bodokan não é feita só de vitórias, é feita de pessoas que lutam, caem, levantam e riem juntas.
E que o mestre Jigoro Kano, lá de cima, tenha aplaudido. Porque o espírito do judô, naquele dia, estava em shopping, em um estacionamento, provando que o judô está em todos os lugares, porque o judô está em cada um de nós.

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